Projeto Científico do Sistema Integral Planetário

Uma Contribuição para a Mudança Mundial em 2012

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Dr. Jose A. Arguelles, Diretor do Instituto de Pesquisa Galáctica, Fundação para a Lei do Tempo, Membro Honorário do Clube de Budapeste.

“O movimento ‘Planeta do Povo – a Nova Humanidade’ une em um campo espiritual e ético todos os cidadãos que vivem em nosso mundo, e que reconhecem a importância de mudarmos juntos, estando cientes de que o Mundo é uma nave cósmica que leva em sua cabine toda a Humanidade – compreendendo assim que aqueles que a regem devem ser pessoas que não só sejam bem-educadas, mas também pessoas com altos valores espirituais, capazes de tomar a responsabilidade sobre as gerações futuras. A construção de tal nave e sua administração deve ser concluída dentro de um campo científico totalmente noosférico – como se a pessoa estivesse construindo um satélite para ser enviado ao espaço”.

Liubov Gordina, Iniciativa Estratégica Global da Sociedade Civil Mundial,: Constituição Noosférica Ético-ecológica para a Humanidade” (2009)

Sobrevivência global e o Caminho de Unificação.

A recente Conferência de Copenhague, das Nações Unidas, sobre o aquecimento global (8 à 18 de dezembro de 2009) foi um fracasso quanto ao desejo humano coletivo de agir decisivamente diante de uma crise que ameaça à vida. Isto aconteceu porque as lideranças mundiais presentes representavam diversos níveis de competição ou conflitos de interesses, que não podiam ser solucionados. Nenhuma liderança na conferência de Copenhague parecia compreender a Terra como um sistema integral, nem era capaz de falar a seu favor acima de todo o interesse próprio, pessoal ou coletivo.

O fato é que, a menos que haja uma liderança mundial comprometida com sua decisão, processando os princípios do projeto científico do sistema integral planetário, a espécie humana perderá o seu futuro.

Agora, faltam apenas três anos para se encontrar tal liderança, que adote e implante estes princípios. Mesmo se tal liderança não puder ser unida, não será de modo algum necessário articular os princípios de uma compreensão da Terra como um só sistema unificado. Os princípios elementares de um pós ou meta pensamento nacionalista – o projeto científico do sistema integral planetário – deve ser definido levando em conta a transição geológica da biosfera para a noosfera, e do inexorável caminho da evolução cósmica, que está muito além dos estados de unificação consciente.

Premissas

A Terra é um sistema integral que consiste em várias esferas interativas e interdependentes. A dinâmica de operação que governa a maioria destas esferas – da litosfera à magnetosfera – não reconhece limites políticos. A soma, de todo o sistema de operações que faz da Terra o que ela é, possui uma integridade na qual todos os subsistemas contribuem e apóiam um ao outro. Os pássaros no vento, e os golfinhos no oceano não exigem passaportes para passar de uma bio-região à outra. A arbitrariedade de muitas fronteiras nacionais não só contradiz a lei natural, mas favorece a um número de convenções debilitantes que piora a atual crise global. Da perspectiva da Terra, o nacionalismo e suas fronteiras não são científicos nem estão de acordo com a ordem terrestre atual.

O Projeto Científico do Sistema Integral Planetário é baseado em princípios científicos que reconhecem o planeta e todos os seus subsistemas como um todo integrado. Até a espécie humana aceita o simples fato de que é uma parte integrante de todo um sistema muito maior, que soma suas partes e abandona suas convicções egoístas e tribal/nacionalistas de territorialidade pessoal e coletiva, que enfrenta certa catástrofe.

Em defesa da perspectiva sem fronteiras, um resultado a mais na avaliação do sistema integral é que a inteligência é um fenômeno planetário e não propriedade de algum ser humano, individual ou coletiva. O campo eletromagnético da Terra é o meio e o condutor de inteligência, em escala planetária, não obstante incluído está o mecanismo operacional da noosfera, o banco psi.

Definição

A ciência interdisciplinar, do projeto do sistema integral planetário, é condição na percepção da Terra como uma existência, evolvendo o sistema integral, consistindo em seis subsistemas principais, mutuamente interativos e interdependentes:

1. Litosfera (geosfera) – vai do núcleo de cristal-magma de ferro e as várias camadas, até e incluindo as placas tectônicas e massas de terra de sustento de vida. Originalmente havia apenas uma massa de terra – Pangaia – que lentamente se separou e se tornou os continentes que nós conhecemos hoje.

2. A hidrosfera – é o oceano unificado como também os sistemas de lagos e rios – há na verdade só um oceano e todas as moléculas de água são o mesmo H20. Toda a água está dividida, ou em água salgada ou em água fresca.

3. A Atmosfera – os dinâmicos sistemas e correntes de propagação de ar que determinam e controlam os padrões de tempo, incluindo a troposfera, estratosfera e mesosfera incluindo a ionosfera, o “regulador termostático” do tempo; unidos com a hidrosfera conduzem o ciclo de água.

4. Biosfera – cerca de doze milhas de espessura, a esfera de vida, como um fenômeno unitário estendida uniformemente ao redor do globo, unifica a litosfera, hidrosfera e atmosfera, e representa a vitalização da matéria, incluindo os ciclos e sistemas inorgânicos que dão suporte. Todas as vidas formam um único sistema unitário governado pelo mesmo DNA. O ser humano e sua civilização global, a tecnosfera, é um subconjunto deste sistema.

5. A magnetosfera – os campos magnéticos da Terra que se estendem para fora de seus dois pólos magnéticos, incluem a ionosfera, os dois cinturões de radiação e a cauda e invólucro plasmático que se estende por 40.000 milhas no espaço interplanetário. É governado pelo ciclo de manchas solares e é a ligação entre a inteligência humana e a cosmosfera – o meio expansivo do espaço universal ou akasha.

6. A noosfera – a camada do pensamento planetário – em grande parte, a operação da mais recente camada biológica da biosfera, o humano, a noosfera inclui um humano preliminarmente consciente e uma fase conclusiva supra-consciente e super-humana. A formação consciente da noosfera envolve um meio termo artificial, a tecnosfera, resultado do revestimento de informação conhecido como a cibersfera, ou noosfera virtual. É governado por um armazenamento de informação e sistema de recuperação chamado, banco psi, situado entre os dois cinturões de radiação. Da mesma forma que a vida é um fenômeno biológico unitário, assim, a noosfera é um fenômeno unitário de inteligência – um campo semântico de consciência universal.

Os seis sistemas principais definem uma trajetória evolutiva, da condensação mineral inerte para a expansão líquida, para a gasosa, para ciclos atmosféricos oxigenados que são ativados de forma térmica e eletrodinâmica, para a vitalização da matéria (sistemas biológicos), e, finalmente, para o ponto no qual a matéria sustenta a consciência como um fenômeno planetário – a noosfera.

Enquanto o projeto científico do sistema integral planetário está envolvido, no geral, com a interação de todos os sistemas entre si, seu foco específico é o papel transitivo representado pelo ser humano no que se refere à transição biosfera-noosfera.

A hipótese da transição biosfera-noosfera define o momento atual como o ápice do projeto do processo evolutivo planetário, como está evidente em todos os lugares que o elemento pensante atingiu um estado geologicamente impactante, por exemplo, o aquecimento global. De acordo com a hipótese da biosfera-noosfera, este efeito do pensamento humano em todo o sistema planetário é um sinal do começo da próxima maior mudança evolutiva da biosfera para a noosfera.

Enquanto a biosfera como tal ainda existirá obviamente, é a atividade mental do planeta que será o fator dominante nas próximas fases de evolução. A mesma noção de noosfera redefine a consciência como sendo de natureza planetária. Ela também conecta a camada de pensamento planetário com o cinturão de radiação do campo eletromagnético. A ligação atual da noosfera com o bio-organismo humano é através das ondas cerebrais eletromagnéticas e do campo bio-magnético (aura).

Em 1944, V. I. Vernadsky escreveu, “Os estadistas deveriam estar cientes do atual processo elementar da transição da Biosfera para a Noosfera. A propriedade fundamental da energia biogeoquímica está claramente revelada no aumento da energia livre da biosfera com tempo geológico, especialmente em relação à transição na noosfera.… Só o homem transgride a ordem estabelecida… transtorna o equilíbrio, entretanto se ele materialmente incapacita o mecanismo de transformação ou meramente o redistribui, nós não podemos, no momento, assegurar”.

Sobre o que Vernadsky advertiu há mais de sessenta anos atrás, nós estamos testemunhando agora como uma crise alarmante de proporções potencialmente catastróficas. Enquanto os estadistas e políticos estão lentamente acordando para a realidade do aquecimento global, o fracasso da Conferência de Copenhague sobre o aquecimento global demonstrou que é necessário um processo de educação muito maior, para entender que a mudança climática e a crise da civilização são ambas, aspectos de um evento muito maior – a transição biosfera-noosfera.

O fato é que nós chegamos ao momento em que é necessário reestruturar a sociedade humana para que ela possa ser reintegrada ao planeta como um organismo vivo. A atual civilização humana tem suas raízes em modos de pensamento e comportamento que antecede o conhecimento e a experiência do planeta como um sistema integral que gira em seu eixo em uma órbita precisa ao redor do sol – na realidade a estrela local. Esta percepção deveria ser o ponto inicial de toda a política que considera nossa vida neste planeta. Se nós sobrevivermos, temos que entender o que significa ser dirigente ou guardiãs de um planeta como um sistema integral.

Todo o planejamento político deveria ser baseado na consideração da interação das várias esferas e sistemas da Terra levando em conta a transição para a noosfera. As Nações Unidas, como uma organização compreensiva, deveria estar centrada em um referendo para a administração planetária, nesse campo. E se não podem fazer isto, deveriam procurar por aqueles que são capazes de pensar e agir de forma desinteressada em nome do planeta como um sistema integral, e deste grupo criar um Conselho Administrativo do Sistema Integral Planetário. Devem estar rapidamente, envolvidos com uma definição e sistema de administração planetário ou global que seja baseada na compreensão do projeto científico do sistema integral planetário.

O Projeto simplesmente pretende estabelecer políticas administrativas aplicáveis, baseadas no modelo do sistema integral planetário. Isto, é claro que, significa destituir os sistemas políticos próximos, e encontrar meios muito mais coerentes de organizar normas sociais que estejam mais de acordo com as ordens bio-regionais.

Documentos como a Carta da Terra,www.earthcharterinaction.org/content/pages/Read-o-Charter.htm), ou a Noo-constituição da Assembléia Mundial Ecológica Espiritual da Noosfera,www.basicincome.org/bien/pdf/dublin08/1eimichelebillorenooconsitution.doc existem para facilitar a formação de um Conselho Administrativo do Sistema Integral Planetário, enquanto que iniciativas, como o Clube de Budapeste da Mudança Mundial de 2012, (www.worldshiftnetwork.org) já foram empreendidas e podem ser consultadas e utilizadas no desenvolvimento de uma nova orientação e programa para estabelecer políticas de interesse global mais do que corporativo ou nacionalista.

Nós devemos compreender como o nosso aparato integral, biológico e pensante está intimamente conectado com a Terra, a litosfera – água, a hidrosfera – ar, a atmosfera – toda a vida, a biosfera – e como nosso pensamento está conectado à magnetosfera e o mais importante, como nossa inteligência e consciência estão unificadas na noosfera. Porém, também é evidente que não é possível alcançar tal reestruturação de acordo com estes princípios até que a atual ordem mundial seja dramaticamente transformada.

Dado o fracasso da Conferência de Copenhague isto só demonstra mais uma grave crise, de natureza global, que nos trará ao ponto de nos tornarmos abnegados e racionais, como estamos agindo em relação ao negócio de cuidar de nossa nave do tempo cósmico, porque nós não só estamos orbitando no espaço como também evoluindo no tempo. Com a antecipação de tal momento catastrófico, seria sábio acontecer um Conselho Administrativo do Sistema Integral Planetário.

Deste ponto de vista, mais uma premissa deve ser expressa, e isso é a iminente inevitabilidade da mudança para a noosfera. Isto parece ser o significado atual da controversa data de 21-12-2012. Em vez de pensar que esta premissa é futurista ou absurda, é melhor estar preparado para determinar o índice atual de aceleração de fatores críticos como o derretimento das geleiras, pois não haverá, realmente, nada a ser dito quando o momento catastrófico acontecer, a não ser, a proposta para um conselho administrativo global baseado nos princípios de um Projeto Científico do Sistema Integral Planetário.

A criação de tal conselho e políticas subseqüentes para a reestruturação da sociedade humana deve ser construída em torno de uma compreensão clara sobre a noosfera.

Em relação à transição biosfera-noosfera, nós temos que enfatizar, novamente, que o campo eletromagnético da Terra – magnetosfera – é um meio e condutor de inteligência, planetário e extra-terrestre. Isto é devido ao aspecto de ativação e unificação do campo eletromagnético, que mantém o sistema planetário, em geral, em uma condição de equilíbrio dinâmico e cósmico, em relação ao sol, o sistema solar e o cosmos. Nós estamos, agora, à beira de nos tornarmos cidadãos planetários operando em um campo de inteligência cósmica.

Conselho Administrativo do Sistema Integral Planetário e o Contexto para Mudanças de Política do Clima Global

Desde que a capacidade humana para se alterar e a seu ambiente reside em seus processos de pensamento criativos, científicos, nós demos compreender que o pensamento humano de si mesmo, se tornou uma força geológica, reformando a dinâmica que governa a Terra como um sistema integral. Este feito deve ser o ponto de partida de nosso “crescimento” como espécie e a visualização de uma resposta à crise global que, enquanto se baseia em uma avaliação dos recursos locais/nacionais/bioregionais, e estruturas econômicas, faz isto dentro de uma compreensão, especificamente objetiva, do sistema integral.

Para facilitar a criação do Conselho Administrativo do Sistema Integral Planetário, nós precisamos definir as condições, assim como também o contexto para mudanças de política do clima global.

O projeto científico do sistema integral planetário é apresentado sistematicamente de forma que defina as condições do sistema integral, somente para criar uma estrutura mais ampla para se entender a mudança no clima global, e aumentar o potencial para uma visualização clara do tipo de política que deve ser criativamente traçada, com respeito à crise.

Em primeiro lugar nós devemos compreender o atual fenômeno do evento iniciador do processo:
A origem do sistema integral da biosfera, e a premissa fundamental e origem da mudança geoquímica – a transição biosfera-noosfera.

Na abordagem do sistema integral você não pode explicar um fenômeno sem definir ou descrever, também, seu meio. A vida não pode ser definida separada dos processos geoquímicos do ambiente no qual floresce. Esta totalidade de vida e sua rede de relações dentro de ciclos e sistemas inorgânicos, que sustentam a vida, constitui a biosfera. Além disso, quando falamos de vida, falamos em um sentido mais geral como matéria viva. A evolução da matéria viva tem seu clímax no aparecimento da espécie humana na qual duas qualidades são supremas: Amplamente planetário através de uma adaptabilidade superior para praticamente qualquer clima – e inteligência, o elemento pensante que, se transformou na tecnologia, e reordena o ambiente.

Em geoquímica, a tarefa inicial é o estudo dos sistemas de equilíbrio que resultam das migrações de elemento (substância química). Estes sistemas sempre podem ser expressos em termos de mecânica, e na forma de sistemas dinâmicos e estáticos, estes, de equilíbrio atômico. As leis de equilíbrio dos sistemas homogêneos e não-homogêneos de qualquer tipo de corpo envolvem toda a geoquímica. (Vernadsky, Geoquímica, p.54)

É importante compreender o grau no qual o organismo humano perturbou o equilíbrio geoquímico planetário. Particularmente nos últimos 260 anos, com a aceleração do fenômeno da industrialização, como também o impacto do pensamento humano – formulado como as leis da ciência e tecnologia – transformaram radicalmente o ambiente e provocaram a crise global de mudança climática.

A industrialização é um elemento novo na biosfera que intensifica bastante a migração de elementos químicos como o gás carbônico – enquanto que perturba o equilíbrio de sistemas homogêneos e não-homogêneos. A soma, do efeito do pensamento humano e sua extensão no sistema integral da Terra está a ponto de provocar uma era geológica completamente nova – a noosfera.

Afetando as mudanças a tal proporção, que temos que ampliar a compreensão do papel do pensamento humano como um campo semântico de consciência universal que, tem operado no inconsciente coletivo, e que está agora emergindo para a superfície como o consciente coletivo – a noosfera – o pensamento ou a camada mental do planeta. Tendo o efeito de ser uma força geológica, embora até aqui sem levar em consideração o sistema integral do qual é uma função – o elemento pensante agora vem a ser a força principal, que está precipitando uma nova fase na evolução da vida. Nesta nova fase, o elemento pensante se tornou lógica e racionalmente alinhado a seu propósito elevado do sistema integral, resultando em uma conseqüente reordenação da sociedade humana, conhecida como a noosfera.

O período anterior a obtenção da Noosfera referente à transição biosfera-noosfera, é caracterizado por dois fatores:

1. A crise da biosfera devido ao desequilíbrio geoquímico ou biogeoquímico resultante do efeito do pensamento e civilização humana no ambiente – ou como Al Gore coloca, “Nós estamos testemunhando uma colisão entre a civilização e a Terra”.

2. O desenvolvimento de uma rede mundial virtualmente instantânea, sempre acelerando a comunicação de informação tecnológica – a cibersfera. Laptops, Internet, celular, rede social, vídeo e televisão, etc. cria um efeito psíquico e social análogo ao aumento exponencial do gás carbônico acelerado introduzido na atmosfera. Tanto com a mudança climática global como com a tecnologia de comunicação: Nós estamos testemunhando uma implosão social onde nós não somos mais capazes de se manter com isso, muito menos avaliar os efeitos de cada inovação tecnológica, nova, em nossa psique e vida social que já estão girando descontroladamente.

O efeito da soma destes dois fatores de aceleração precipita a crise global. A inabilidade do humano para fazer qualquer coisa a respeito da mudança climática é mais ou menos sintoma da exteriorização da inabilidade humana para controlar o caos de sua própria vida interna e social que se manifesta mais no aumento da violência, como é o caso do terrorismo, da guerra e da insegurança social, no geral. Desta forma, nós podemos ver como, dentro da biosfera e seus processos geoquímicos, o elemento humano provocou uma crise tão grande, tanto externa a si mesmo quanto dentro de sua própria psique e ordem social, que é difícil compreender toda a sua natureza, muito menos suas conseqüências.

Conclusão: Cultura planetária e Ordem Sagrada

Na análise do sistema integral, os dois fatores que provocam a crise global são inseparáveis. Você não pode lidar com o assunto da mudança climática global como se fosse um futebol político separado do processo degenerativo da ordem social humana, que sustenta a filosofia consumista e sua divisão injusta do mundo em nação rica e nação pobre. Ambos os aspectos da crise estão totalmente intrincados na tecnologia de lucro. Isto é precisamente o porquê de uma análise do sistema integral ser necessária na criação de um Conselho Administrativo do Sistema Integral Planetário.

Tal Conselho teria, em primeiro lugar, que criar uma análise compreensiva que integrasse as causas da deterioração ambiental com os fatores sociais específicos e mecanismos da sociedade planetária humana dominante. Simultaneamente teria que prover uma análise social igualmente compreensiva com recomendações concretas para uma ampla reforma da espécie que diminuiria as causas da mudança climática, enquanto que ao mesmo tempo eliminaria as desigualdades e injustiças dentro da sociedade humana que contribui ou agrava toda a crise global.

Fazendo estas avaliações, deve se ter em mente que é a espécie humana, unicamente, que é responsável pela violação e saque do ambiente como também práticas de violência de todo tipo contra si mesmo. Em outras palavras, a espécie humana está gerando uma imensa corrupção da Terra tanto quanto de sua própria alma. Qual é o centro do mal-estar ou a causa desta condição infeliz?

Olhando mais profundamente para o assunto nós não podemos escapar a convicção de que há uma moral subjacente ou até mesmo assunto teológico tão grande que parece quase impossível fazer uma abertura entre a desordem moral humana e a correção de seu curso, a tempo de impedir certa catástrofe. Sim, a causa originária da crise global é uma moral desconectada da psique humana, da alma humana. Onde uma vez o mundo foi enquadrado em uma visão de ordem sagrada, agora entra, cada vez mais, no mais profano caos. No entanto, a alternativa heróica de tentar lidar com a crise acima e além do impasse político, se faz urgente que vejamos, a nosso modo, uma solução no Projeto do Sistema Integral Planetário.

Uma solução e visão do sistema integral para uma nova realidade de futuro alternativo também precisam ser articuladas. Tal visão e solução devem ser definidas, voltando-se em primeiro lugar, para a desconexão moral-espiritual na psique humana que permitiu a crise evoluir no momento iminentemente catastrófico, em que nos encontramos agora. A menos que possamos identificar esse ponto de desconexão e integrarmos a parte perdida de nós mesmos, dentro de uma visão do que nós ainda poderíamos nos tornar, nunca teremos sucesso na busca de uma solução.

Da perspectiva do projeto do sistema integral, a espécie humana é a única entidade, uma membrana planetária expressando uma inteligência cósmica superior. A organização da espécie humana como uma grande confusão através do ciclo histórico resultou em uma desorganização em massa, que enfatiza competições egoístas, e, através da rede social, uma exaltação em massa, do ego. Neste ambiente mental é praticamente impossível pensar globalmente e muito menos compreender que nós, na verdade, somos organismos planetários. Despir a espécie humana das inaptidões limitantes de nacionalismo e materialismo é a tarefa de super-heróis super-conscientes. Não nos deixe vacilar em fazer o esforço.

Primeiro, deixe afirmar que nós não somos meramente homo-economicus materialista, nós somos seres que também vivemos em uma dimensão espiritual. Na realidade, é a dimensão espiritual e inteligência espiritual que nos reservam como espécie cósmica.

A dimensão espiritual é universal. Ela segue ao longo do universo como uma camada da mente universal. A dimensão espiritual também define a realidade como uma ordem sagrada, um reino completamente revestido de poder ou energia espiritual. A verdadeira espiritualidade não separa a vida cotidiana, das verdades exaltadas da revelação divina. Na verdadeira espiritualidade tudo é sagrado.

O mundo profano do século 21 procura separar religião e espiritualidade da realidade cotidiana, política e científica, e está essencialmente desatento da dimensão espiritual. É por isso que hoje em dia o mundo está em tal dificuldade, por nem mesmo admiti que a desconexão com a dimensão espiritual e sua visão inerentemente sagrada tem alguma coisa a ver com seus problemas. Por que não havia nenhum líder espiritual na Conferência de Copenhague? A mudança climática global tratada somente como um problema político, só aumenta a profanação da ordem mundial.

Quando toda uma tribo Indígena comete suicídio na Amazona, isso é porque eles não têm defesa contra um “inimigo” que desconsidera completamente a dimensão espiritual da realidade. Pelo menos quatro a cinco bilhões de humanos ainda mantém crenças religiosas ou espirituais de algum tipo, e apesar das manchetes que chamam a atenção de alguns elementos fanáticos ou fundamentalistas, o fato é que sem os grandes mestres espirituais, através do ciclo da história humana, trazendo a visão transcendental, de qualquer maneira ou forma, esta humanidade seria não mais do que uma colônia de formigas – mas até mesmo formigas têm mais respeito uma pela outra!

Se não levarmos em conta a visão espiritual como um aspecto fundamental de nossa natureza e então uma base de nosso processo para tomar decisões, nós falharemos em nossa responsabilidade como humanos planetários totais. Decisões políticas são decisões sem espiritualidade e não é nenhuma surpresa que a Conferência de Copenhague tenha falhado. Na realidade o colapso de Copenhague foi o fracasso final da civilização tecnológica global – e o toque-fúnebre do homem histórico.

Criando a visão de um futuro no qual o humano não só é reintegrado ao meio-ambiente como também na dimensão espiritual da realidade universal, deve ser levado em conta um outro elemento politicamente desconsiderado e isso é a dimensão da arte. Através do aborígine e muito da sociedade histórica, a arte sempre esteve aliada à espiritualidade como a voz expressiva do espírito se movendo através da humanidade. Pela verdadeira arte espiritual eram capazes de estabelecer uma visão do humano como um componente integrante de uma visão cósmica sagrada. A espiritualidade e a arte devem ser as bases de uma visão nova de cultura planetária. A economia deve acontecer como sendo o serviço do bem-estar espiritual e criativo do ser humano.

Nós não estamos falando sobre uma promoção ou uma consolidação da arte para tornar uma comunidade melhor, muito disto também é preciso, mas, de uma mudança fundamental de valores, onde a arte tenha maior prioridade do que a economia. Nós estamos falando sobre uma mudança de filosofia, do tempo é dinheiro – a coluna vertebral do homo-economicus – para o tempo é arte. Isto também insinua uma mudança do tempo mecânico artificial que agora domina tudo na vida, para retornar a viver de acordo com os ciclos naturais do tempo universal, o tempo através do qual tudo no universo está sincronizado em uma grande harmonia, a música das esferas.

Quando tal mudança de valores ocorrer – auxiliada pela mudança contida em um dispositivo de programação diário de um calendário irregular de 12 meses para um harmônico e até mesmo preciso, de treze meses de 28 dias – então nossas prioridades de vida também mudarão. Levando em conta o dano infligido ao meio-ambiente durante os últimos dois séculos, nós poderíamos visualizar um casamento da arte, meio-ambiente e uma nova espiritualidade, que criam a visão da Terra transformada em uma grande obra de arte. A sociedade seria organizada adequadamente e a grande tela da imaginação humana, restringida por muito tempo à escravidão do dinheiro e trabalhos sem valor espiritual, se tornaria a obra-prima planetária coletiva, de incontáveis indivíduos, agora trabalhando em harmonia para criar a maior obra de arte que já foi vista – a Terra por si mesma, a jóia fulgurante do sistema solar!!

Estas preocupações e propostas são significativas e devem ser colocadas na mesa de um Conselho Administrativo do Sistema Integral Planetário e prover a matriz da compreensão para visualizar uma sociedade noosférica. No entanto, a noosfera não deve ser somente planejada e pensada – o que é necessário é preparar a humanidade para uma grande mudança e provar que essa humanidade é realmente capaz de pensar desta forma – mas que ela pode se manifestar através de alguma mudança sem precedente ou inimaginável, na consciência, o que Sri Aurobindo descreveu como uma transmissão supra-mental.

A História está repleta de exemplos de transmissões de conhecimento – revelações, se você desejar – que freqüentemente levam a forma de textos sagrados – o Bhagavad Gita, o Torah, o Alcorão – para citar alguns dos mais notáveis. Porém, queremos lhes explicar que tais textos têm sua origem em um reino além da consciência comum, uma dimensão superior. Tais revelações não se restringem somente à dimensão espiritual. Convenções comuns como o fogo ou a roda – como estes ocorreram? Sem mencionar as inovações científicas, como a teoria da relatividade, sobre a qual Einstein disse não haver nenhum modo lógico para estas descobertas, apenas o modo intuitivo.

Finalmente, há as grandes mudanças ou mutações na história ou até mesmo evolução como a origem da linguagem, o conceito de enterrar, ou até mesmo o aparecimento da arte expressiva, sem mencionar as mudanças na agricultura, ou até mesmo a revolução industrial. Tais mudanças envolvem algum tipo de mudança de consciência. Até mesmo noções como no filme zeitgeist – um espírito do tempo – insinua algum tipo de campo de consciência que surge ao mesmo tempo em vários locais. Você não acha que há algum fator governante maior, que organiza as grandes mudanças em nossa evolução, especialmente pertencendo a nossa consciência, algum tipo de super-mente ou noosfera?

“A transição da mente para a super-mente não é só o substituto de um instrumento de pensamento e conhecimento maior, mas uma mudança e conversão da consciência integral”. (Sri Aurobindo, A Síntese da Ioga p.795).

Nós também podemos visualizar então o aparecimento da Noosfera como uma transmissão de uma consciência mais elevada e maior – uma transmissão supra-mental – longamente antecipada através de vários fatores em nosso processo histórico durante os últimos cinco mil anos. Mas a mudança para a noosfera será um fenômeno planetário consciente, ao contrário de qualquer outro horizonte de evento planetário. Fixará a fase para uma seqüência em nossa evolução, distinta do ciclo da história, como o aumento da vida urbana foi distinto da vida nas cavernas.

Com o advento da Noosfera nós encontramos uma integração de inteligências – um campo semântico de consciência universal – que é de natureza coletiva e telepática e no qual há uma integração global da arte e espiritualidade como um modo de consciência superior. Tais mudanças nós podemos antecipar ou predizer, mas nós realmente não podemos saber qualitativamente o que elas serão, porque nós estamos lidando, totalmente, com outro estado de consciência, diferente da consciência competitiva individualizada que domina a idade da cibersfera.

Lidando com o potencial da noosfera como uma transmissão supra-mental, nós estamos falando também sobre a liberação do espírito e imaginação humana acompanhada por um reflexo comumente percebido, sabendo que nossa espécie é um organismo planetário que opera dentro de um sistema planetário integral. Deste modo, nós podemos estar preparados para se comunicar, pelo menos com outras inteligências superiores que penetram o cosmos com seus dez bilhões de galáxias, cada uma com seus dez bilhões de estrelas e sistemas estrelares.

Nós devemos isto a nós mesmos, como uma espécie, neste momento de última crise para elevar a tal visão. Anote onde nós estamos no jogo final do processo histórico, analisando o fracasso da civilização, considerando a inabilidade de perceber e tomar decisões baseadas em um projeto científico do sistema integral planetário, nós temos que repensar o nosso papel e se colocar na natureza, e preparar nossa consciência para o advento da noosfera.

Não há nenhum outro tempo como o atual para começar este processo.

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