Game of Time – O Jogo do Tempo

A ideia de que o tempo é linear — que ele corre do passado para o futuro, numa linha reta e imutável — foi uma invenção que, espiritualmente, atrasou a evolução humana. Essa visão reduziu a experiência do tempo a um calendário e a um relógio, apagando uma percepção mais profunda: o tempo como fator de consciência.

José Argüelles, em sua obra O Fator Maia, foi um dos grandes divulgadores dessa visão mais ampla do tempo. Ele afirmava que “o tempo não é apenas algo que se mede — o tempo é uma frequência.” Para Argüelles, o tempo natural segue uma ordem harmônica ligada à natureza, à mente universal e à evolução da consciência, enquanto o tempo artificial — regido pelo relógio e pelo calendário gregoriano — nos desconecta de nossa verdadeira natureza.

Essa desconexão, segundo ele, nos prende a padrões de comportamento mecânicos, nos afastando da intuição, da presença e da capacidade de perceber sincronicidades: manifestações da inteligência cósmica do tempo real.

Quando começamos a olhar o tempo não como uma linha, mas como um campo vivo e multidimensional, abrimos espaço para acessar estados mais sutis da mente e da alma. A experiência deixa de ser uma simples sucessão de horas e datas, e passa a ser um fluxo harmônico de aprendizados, encontros e revelações, onde passado, presente e futuro se entrelaçam num mesmo instante de consciência.

Quando acreditamos apenas no tempo linear, ficamos presos à ideia de que o passado determina o presente, e o futuro está sempre adiante, fora do nosso alcance imediato. Essa lógica nos coloca numa corrida constante, sempre tentando resolver o que já foi e antecipar o que virá, esquecendo que a única realidade palpável e plena acontece no agora.

Essa visão limitada do tempo impede que exploremos camadas mais sutis da consciência universal. No fundo, o tempo não é apenas um fluxo externo — ele é uma dimensão interna. É um campo vivo que pulsa junto com nossa mente, nossas emoções e nossa alma.

Quando começamos a perceber o tempo não como uma linha, mas como um campo multidimensional, acessamos níveis mais profundos da experiência humana: memórias, intuições, sincronicidades, estados de presença ampliada. É como se o tempo deixasse de ser apenas duração e passasse a ser qualidade de percepção.

Cultivar essa consciência do tempo como fator de consciência significa também compreender que cada momento contém, em si mesmo, o passado e o futuro integrados. Tudo o que foi já está impresso no agora, e tudo o que virá está sendo gestado neste instante.

Nesse sentido, viver o presente com mais atenção, harmonia e abertura não é apenas uma prática de bem-estar, mas uma chave para expandir nossa consciência e participar de um fluxo mais inteligente e universal da existência.

Argüelles propõe, inclusive, a substituição do calendário gregoriano pelo Calendário Natural das Treze Luas, baseado nos ciclos naturais e harmônicos da Terra e da Lua. Eu, particularmente, o sigo há mais de 20 anos e dou meu testemunho de que a mudança mental é real e extremamente positiva.

Tempo, consciência e a famosa plenitude que comumente chamamos de felicidade são fatores inerentes uns aos outros. Eles não operam de forma separada, mas em retroalimentação mútua e constante.

Quando ampliamos nossa consciência, automaticamente alteramos nossa relação com o tempo. A mente menos condicionada pelo passado ou ansiosa pelo futuro aprende a repousar no presente, onde a verdadeira experiência de felicidade pode florescer.

Da mesma forma, quando aprendemos a viver o tempo com mais presença — respeitando seu fluxo natural, sem forçar ou acelerar artificialmente — a consciência se expande. Ela se torna mais clara, menos reativa, mais aberta aos pequenos detalhes da vida.

E nesse espaço mais amplo, a plenitude não é mais um estado extraordinário reservado a momentos raros. Ela se torna parte do cotidiano. Um sorriso sincero, um instante de silêncio, um gesto simples: tudo passa a ter peso e significado.

É nesse equilíbrio dinâmico entre tempo, consciência e felicidade que podemos realmente experimentar uma vida mais integrada. Não se trata de buscar um ou outro isoladamente, mas de reconhecer que todos fazem parte de um mesmo campo de experiência: o campo da presença viva.

Para ampliar ainda mais minha relação com o tempo, criei um jogo — o Game of Time — inspirado nesses princípios, onde o objetivo não é apenas organizar tarefas, mas alinhar mente, coração e espírito com o fluxo do tempo natural e da consciência universal.

Game of Time – O Jogo do Tempo

Para desenvolver a nossa conexão com o tempo presente, criei o Game of Time — um jogo onde viver através do agora se torna o objetivo principal.

Diferente dos jogos convencionais, neste não buscamos pontos ou vitórias externas. O verdadeiro prêmio é a experiência real do momento presente, o fortalecimento da mente e a expansão da consciência.


O Game OF Time tem três fases. À medida que você avança por elas, começa a compreender que o tempo é um aliado — e talvez o bem mais precioso que temos. Um bem que não pode ser desperdiçado, e muito menos “morto”, como se diz na linguagem popular.

No Game of Time, o objetivo é manter o tempo vivo. Isso porque o tempo é um fator de consciência. Viver no tempo é embarcar em uma viagem que pode alcançar níveis inesperados, cada vez mais complexos, dentro da misteriosa dinâmica do universo — e de suas camadas mentais, ou esferas de consciência.

O primeiro passo para jogar esse jogo é preparar-se para uma vida reflexiva, contemplativa e, ao mesmo tempo, radial. A linearidade do tempo perde o sentido nessa perspectiva.
Tudo acontece no agora — e o agora se irradia em todas as direções, estando em todos os lugares ao mesmo tempo. No agora, está a grande explosão da força cósmica, a liberação da energia livre do universo.
Se quisermos acessar os potenciais quânticos e nos comunicar com eles, precisamos entender que isso acontece através dos agoras. E que cada “agora” é o coração de um novo dia.

Viver o dia de hoje é a primeira fase do jogo.
Se você apertou o play do Game of Time, saiba que, para vencer essa etapa, precisará de coragem, fé e foco.

A coragem é necessária porque, ao viver o presente, você encontrará os fluxos de causa e efeito que foram gerados por sua própria consciência. Em cada agora, há uma soma cumulativa de todos os seus passados. Cada estado mental, cada escolha, resulta em processos que se equacionam no tempo presente.
É aqui que a consciência tem o poder de redimir os efeitos da inconsciência — através do amor-próprio, do perdão e da autorresponsabilidade.

Se você tiver coragem para encarar aquilo que você mesmo criou, isso significa que não tentará mais fugir do tempo, nem tentar “matá-lo”. A partir dessa postura corajosa, começa, de fato, a sua jornada evolutiva através do tempo.

Costumamos fechar os olhos para aquilo que não queremos ver — principalmente o que se refere a nós mesmos: nossas posturas egoístas, individualistas.
Mas a energia só se manifesta quando há interação. E, com essa interação, avançamos no processo de acúmulo de informação e diversidade — que, por sua vez, gera a riqueza que alimenta a alma e inspira a continuidade da jornada.

Viver o dia de hoje é inalar a brisa que amanhece em algum ponto do planeta e perceber o entardecer que pinta o céu com cores inimagináveis.
Tudo isso acontece a cada momento.
A consciência se localiza no tempo, mas a mente se irradia em infinitas direções — não porque tudo exista de forma concreta, mas porque essa é sua natureza: liberdade pura.

A acende uma luz no peito do jogador do tempo.
É ela que desperta aquela sede inigualável por nutrir-se do novo, do mistério, da beleza.
A fé verdadeira é sentida como uma energia luminosa no centro do peito — tornando o jogador inabalável, ainda que o mundo inteiro pareça andar na direção contrária. A fé aponta para o norte magnético da evolução, e essa direção, mais cedo ou mais tarde, se converte em liberdade.

Mas nada disso é possível sem foco — o foco aguçado de um sonhador do amanhecer, de um contemplador do mistério, de um poeta do silêncio.
O foco é a bússola que garante que a chama da fé jamais se apague.
É ele que nutre a coragem com inteligência, permitindo-nos mergulhar no lago profundo, leve e sagrado da eternidade.

Viver o dia é uma aventura de valor inestimável.
Cada passo dessa jornada é um passo na eternidade.
É uma comunhão com a criação.
Um fluxo sagrado pelo coração do tempo e pela arte autoexistente do espaço cósmico.

É caminhar leve por estradas lamacentas.
É correr descalço sobre pedras.
Porque tudo, absolutamente tudo o que se vive, é encantado pela magia do tempo.

E, no fim das contas, a oração silenciosa da alma buscadora é acolhida pelo universo como um milagre do eterno.

Fase 2 – Viver Momento a Momento

A segunda fase do Game of Time nos convida a viver momento a momento.
Essa fase exige maior concentração na respiração e nos aspectos práticos da vida, tornando nossa experiência diária mais fluida e focada naquilo que gera eco e ressonância.

Sempre que inalamos com consciência, fortalecemos nossa memória — e a memória fortalecida nos auxilia a manter o foco e seguir o fio condutor da jornada.

O grande drama da sociedade moderna é o drama do esquecimento.
Vivemos em tempos tão acelerados e líquidos que desenvolvemos uma alienação profunda, bloqueando conexões e perdendo contato com o grande armazém de memória que é o cosmos e sua ordem evolutiva.
É comum iniciarmos um diálogo e, instantes depois, desviarmos para outro assunto aleatório.
O que acontece aí é uma espécie de amnésia, provocada pela ausência de presença: não estamos respirando o tempo — o agora.

Ao invés de construirmos uma ânsia pela vida, cultivamos uma ânsia pela morte — pelo inconsciente.
Entregamos nossos dias aos labirintos mentais que flertam com os abismos da ilusão.
Na ânsia pela morte, as distrações se tornam mais sedutoras.
Na ânsia pela vida, fluímos por pensamentos mais longos, reflexões contemplativas, e respirações conscientes.

Como disse Wilhelm Reich:
“Todas as neuroses surgem das inibições respiratórias.”
Se tentamos fluir pela vida bloqueando a respiração, estamos escolhendo — ainda que inconscientemente — fluir pela morte.

Viver momento a momento é isso: inalar a vida e colocar vida dentro da vida.
Esse movimento nos conduz ao autoconhecimento, colocando-nos numa caixa de ressonância onde nos tornamos eco do universo.
Aos poucos, vamos construindo uma estrutura cognitiva e emocional a partir da memória do que somos e do que viemos entregar ao mundo.

Não adianta fazer o que não te realiza.
A realização é o eco da consciência cósmica dentro de você.

Se você ainda não sabe o que te realiza, comece por realizar a vida em si mesma.
Realize o seu espírito buscador, sustentando-o com aquilo que ele mais precisa: oxigênio.

Pensar que a respiração ocorre automaticamente pode nos fazer subestimar seu valor.
Mas quando ela é feita com consciência, ela captura o cérebro instintivo, reduz a reatividade e alivia as tensões do corpo — gerando prazer e sensação de plenitude.

Está cientificamente comprovado que, a cada inspiração consciente, fortalecemos áreas do cérebro responsáveis pela memória.

Se a respiração consciente é a chave para viver momento a momento, então a experiência contemplativa é a senha para acessar o coração do tempo.
Quanto maior a conexão com o tempo, maior a consciência sobre a experiência.

É certo que o mundo nos empurra com velocidade rumo a um destino incerto.
Mas já pensou no que acontece se você salta desse veículo desgovernado?
Ao não participar disso, você pode finalmente participar de si mesmo — daquilo que, em essência, você é.
E isso é seu verdadeiro passaporte para a consciência cósmica.

Viver momento a momento, respirando cada ação com presença, é simples — mas é também o acesso direto à consciência das coisas.
Quando corremos uma maratona ou trilhamos um caminho, cada desconexão da respiração é perda de autonomia.
Cada reconexão, é combustível para seguir adiante.

Respirar no que se faz traz benefícios que vão além do óbvio.
A respiração encontra os segredos ocultos e os valores energéticos que cada espaço-tempo entrega.
Tudo é energia.
Tudo vibra.
E tudo tem memória.

Viver momento a momento, com foco na respiração e colocando vida dentro da vida,
é viver, de fato, no poder do infinito.

Game of Time – A Fase do Mergulho

A próxima fase do Game of Time é: mergulhar no momento.
É como alcançar o cume de uma montanha — onde se vê o todo lá do alto, e se compreende, com humildade, que somos partículas de um organismo cósmico. Somos biotecnologias conscientes, refinadas pela natureza, destinadas à plenitude, capazes de acessar a consciência cósmica.

Viver momento a momento exige o esvaziamento do eu-ego e uma presença radical, total, na inteireza do agora — que, mais do que inteira, é integradora. Nessa etapa, o “eu” se dissolve no “nós”, e o “nós” se reconhece como totalidade.
Isso pode soar como um devaneio místico, uma utopia inalcançável.
Mas é apenas a natureza retornando a si mesma. A consciência reconhecendo-se.

Quando nos tornamos aquilo que contemplamos, é sinal de que não tentamos impor o ego ao mundo — mas sim que nos abrimos para absorvê-lo como alma.

Alguns elementos da existência nos convidam naturalmente a essa experiência:
observar um céu estrelado em silêncio, sentir o calor hipnótico do fogo, assistir ao entardecer dissolver o dia… ou ser tocado profundamente por uma obra de arte que nos abrace por dentro.
São vivências que, mesmo simples, nos erguem. Nos elevam além de nós mesmos — basta que estejamos abertos.

A dissolução é uma das práticas mais eficazes para esse estado de abertura.
Imagine sua mente como um armazém de memórias, sempre cheio. De tempos em tempos, é necessário limpá-lo: apagar imagens gastas, dissolver pensamentos estagnados.
O campo mental se esgota — e para receber o novo, é preciso liberar o antigo. A dissolução não apenas abre espaço, mas cultiva o terreno mental necessário para o mergulho no presente.

Mergulhar no tempo é entregar-se totalmente.
É fazer o que precisa ser feito sem apegos ou expectativas.
É tornar-se o próprio tempo — consciência pura, absolutamente presente.

Quando nos sentamos para uma refeição, somos a refeição, somos aquele instante.
Não esperamos milagres. Apenas respiramos com a harmonia que o momento oferece.
A harmonia é mais poderosa que a desordem: o universo é 99,99% harmônico.
Assim, não há razão para inquietude.
Nos cabe apenas contemplar — e nos ocupar em perceber a ordem sutil da realidade enquanto nos fundimos ao agora.

Mergulhar é tornar-se o que está acontecendo.
Sem dúvida. Sem esperança.
Apenas ser.

Essa jornada é um retorno à mente natural.
Uma mente estável, inabalável.
É nela que nos fortalecemos para seguir, mesmo nas tempestades.

Mergulhar no momento é respirar a sua essência — seu propósito silencioso.
Essa respiração nos centra. Ela nos convida a focar na experiência sem querer aprisioná-la, sem desejar que seja outra.
No presente, o passado e o futuro se dissolvem e se reencontram.
Se consigo mergulhar no instante, mergulho no poder bruto do aqui e agora — e recebo, como dádiva, a força do tempo-espaço em forma de energia e sabedoria.

No cotidiano, podemos cultivar essa consciência.
Reconfigurar o cérebro para que o tempo presente se torne natural em nossa mente e em seus desdobramentos.
Esse cultivo nos dá clareza para distinguir o real do ilusório.
E nesse exercício, somos tomados por um afeto inevitável: a compaixão.
Um mundo naturalmente rico e lúdico nos acolhe com suavidade e verdade.

Todos buscam paz, amor e felicidade.
Independente do caminho, esses estados estão no campo de visão de todos os que sonham.
Somos sementes — por ora germinando em rochas ou florescendo em solos férteis.

O Game of Time é um caminho.
E se o agora é, de fato, tudo o que existe, então ser o agora é mais do que ser o tempo:
é ensaiar o retorno à totalidade.
É viver como o Todo vive — instante a instante.

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